Ode à mão
Minha mão
Serviçal amiga
Minha mão
Mais que sofrida
Mão de prata desnuda
Palmilhando sem descanso
Ubíquos caminhos de sonho
Complexas filigranas de vida
Quis as tuas mãos de fada
Entre as minhas mãos de neve
Desafiando os sortilégios do vento
Na carícia de um toque, o pensamento
Sucumbia ébrio no mágico roçar das nossas peles
Mãos atadas
Mãos amigas
Mãos de ferro
Mãos de úbere
Como te fazem medida
Almofariz, balança, pilão
Extremidade animal
Estiolados jasmins
Sob uma espessa
Camada de cal
Descansa agora mão batente
Suspensa enfim na porta da vida
Como beijo consumado em pecado
Derradeiro desejo, ardente ensejo
A minha na tua, entrelaçadas
Num fino laço de sangue
Telúrico, tácito caminho
Consubstanciando assim
A última das catarses
Da minha paixão
A tua mão…
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